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Avenzoar Arruda: intervenções no PT e Psol ajudaram na ascenção do bolsonarismo em João Pessoa

Publicada em: 07/10/2024 10:19 - Notícias Política

Na imagem o ex-deputado federal deputado federal Avenzoar Arruda. - WSCOM

 

O ex-deputado federal Avenzoar Arruda criticou as intervenções internas que os diretórios do PT e do Psol em João Pessoa sofreram ao longo da campanha do 1º turno para prefeito. Segundo o ex-parlamentar, “a decisão de suprimir os processos democráticos dentro dos partidos de esquerda resultou em uma clara ascensão do bolsonarismo na cidade”.

 

Confira o texto de Avenzoar:

 

E SE O PT E O PSOL NÃO TIVESSEM SOFRIDO INTERVENÇÃO EM JOÃO PESSOA?

O primeiro turno das eleições municipais de 2024 no Brasil nos diz algo de muito importante para o futuro, mas aqui em João Pessoa, no entanto, os acontecimentos merecem um destaque especial devido à interferência direta nos processos internos de partidos de esquerda, como o PT e o PSOL. Diferente de outras localidades, onde a escolha de candidatos seguiu o curso normal das instâncias partidárias, na capital paraibana houve uma clara intervenção “de cima para baixo”, que alterou drasticamente o panorama eleitoral. O PT, tradicionalmente acostumado a realizar prévias internas para definir seus candidatos, foi impedido de fazê-lo, assim como o PSOL, que viu suas plenárias internas para escolher candidatos e definir alianças vetadas, sob o argumento de que não poderiam votar para não atrapalhar a unidade das esquerdas.

Essas intervenções políticas, sob o argumento de “necessárias para unir a esquerda”, acabaram moldando o resultado das eleições em João Pessoa de maneira notável. A decisão de suprimir os processos democráticos dentro dos partidos de esquerda resultou em uma clara ascensão do bolsonarismo na cidade. Com a militância humilhada e pisoteada em seu mais simples direito de se manifestar e decidir, o campo conservador ganhou espaço e, consequentemente, alavancou a disputa para o segundo turno, uma reviravolta que poucos previam inicialmente. Essa estratégia de intervenção parece ter sido desenhada para beneficiar determinados grupos políticos, sacrificando a diversidade de ideias e a autonomia interna das legendas.

O que vimos em João Pessoa é um exemplo preocupante de como a centralização excessiva de decisões pode influenciar os rumos da política. Antes o inimigo era a extrema direita, depois o inimigo passou a ser o crime organizado e a extrema direta aliada nesta luta, agora, seja lá o que for, os comandantes querem permanecer comandando. As lições a serem tiradas desse episódio envolvem não apenas o impacto dessas decisões nas eleições de 2024, mas também os desafios para chamada esquerda como um todo.

A retirada da candidatura de Cida Ramos pelo PT e o impedimento do PSOL de lançar candidatura própria representam interferências que dificultam qualquer avaliação precisa sobre o impacto que essas candidaturas teriam tido no resultado eleitoral em João Pessoa. Sem a participação efetiva desses partidos no pleito, pela ausência de suas militâncias espontâneas, perde-se a possibilidade de medir sua capacidade de mobilização, articulação e penetração no eleitorado. Embora seja impossível prever exatamente o que teria ocorrido, é razoável afirmar que a presença de candidaturas mais robustas, porque abraçadas pela militância espontânea desses partidos, teria oferecido ao eleitorado opções mais diversificadas e poderia ter freado o avanço de outras forças, como o bolsonarismo, que acabou sendo alavancado para o segundo turno. A ausência dessas candidaturas fragilizou o campo progressista e reduziu as chances de que uma alternativa viável ao conservadorismo emergisse com força.

 

O cenário que se desenhou, com o PSOL saindo enfraquecido e o bolsonarismo fortalecido, suscita uma pergunta crucial: de quem é a responsabilidade por esse resultado? A falta de espaço para o debate democrático dentro desses partidos, associada à intervenção externa nos processos de escolha de candidaturas, claramente impactou a capacidade de mobilização da militância e rebaixou o PSOL a uma posição ainda mais enfraquecida do que a de antes da disputa. Se não houve uma estratégia mais bem elaborada para o fortalecimento da esquerda, restam dúvidas sobre quem tomou as decisões que resultaram nesse cenário. Portanto, é fundamental que se pergunte: quem deve responder por essas escolhas que acabaram moldando o cenário eleitoral de forma tão desfavorável para o campo progressista?

 

Fonte: WSCOM

 

 

 

 

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